quinta-feira, 23 de julho de 2009

Considerações sobre os eventos de anime.

Antes de iniciar vou deixar claro que tal ponto de vista não abrange todos os eventos. E por questões éticas não vou citar nomes.

Há um número considerável de eventos de anime realizados a cada ano, não só em São Paulo, mas em outros estados brasileiros. Tais eventos atraem um enorme público, que possuem o gosto comum por mangás, animes, cosplays, HQs, brinquedos, e pela cultura oriental em geral.
Um detalhe particular de tais eventos é o alto preço dos ingressos. Que geralmente (eu disse geralmente, pois como foi dito no início essas considerações não englobam todos os eventos do gênero) custa acima de R$ 20,00. É aí que o problema começa, pois tais ingressos são vendidos ao mesmo preço tanto para estudantes quanto para não estudantes sob o pretexto de que “todos pagam a meia-entrada”. Porém, a lei que regulamenta o pagamento de meia-entrada é clara ao afirmar que, estudantes pagam meio valor sobre o preço efetivo. Ora, se TODOS estão pagando o mesmo preço, aquele é o preço efetivo e não o preço anunciado (mas nunca cobrado) como sendo o valor da inteira, logo os estudantes deveriam pagar metade do valor do ingresso cobrado normalmente. Mas...estamos no Brasil, a lei é mal elaborada, e ficaria fácil deturpar seu sentido...bastaria que nesse caso eles passassem a cobrar o valor anunciado como sendo o da inteira de todos os não estudantes, e o valor que já cobram do público geral, como meia-entrada dos estudantes...o que seria ainda pior e mais caro.
Ainda falando do preço, não se trata apenas da questão da meia-entrada, mas sim daquilo pelo qual se está pagando: PARA ENTRAR EM UM EVENTO. Aqueles que não dão valor ao seu dinheiro que me desculpem, mas aqui não se trata de ganhar bem ou não, de ter dinheiro de sobra ou não. Pelo menos a meu ver, quando se compra algo, nós avaliamos a natureza da coisa. Mesmo quando temos dinheiro de sobra, é ridículo gastar uma alta quantia em algo de natureza insignificante (pelo menos na visão de alguns, como eu). E nessa situação, um preço demasiadamente alto está sendo cobrado simplesmente para se ENTRAR no evento. Isso em um país onde o salário mínimo tem um valor de R$500,00 (mais ou menos), e muitos ganham menos do que isso.
Ok, em face desse preço, a resposta que se obtém é de que: a) os organizadores tem que pagar o aluguel do local – mas se é assim, para onde vai a grana (altíssima) que eles cobram pelo aluguel dos stands??? Que muito provavelmente já seria o suficiente para arcar com as despesas de aluguel do espaço e ainda fornecer lucro aos organizadores; b) o valor é alto por causa do show das bandas famosas que tocam no evento – até aí a desculpa até valeria SE
I – todos os presentes fossem por causa do show (afinal, pagar o preço de um show que eu não pretendo ver);
II – se as bandas prometidas realmente tocassem, pois certas vezes as bandas anunciadas acabam não comparecendo por problemas contratuais que os organizadores não conseguem resolver...e nesse caso...o valor do ingresso continua sendo o mesmo, com ou sem banda.
Mas deixemos isso de lado, e partamos a ponderações obvias. Mediante ingressos tão elevados, imagina-se que o evento vai ser um show de organização. Mas não é. Assim que chegamos ao local vemos filas e mais filas, e depois que entramos nos deparamos com uma grande massa de milhares de pessoas andando de forma desordenada e descordenada, sem direção. Dezenas de minutos são gastos para se andar de uma área a outra, e observar (ou adentrar) estandes é quase impossível. Não existe um fluxo organizado, não existe uma divisão de “vai”, “vem”, o que para a organização (que prepara o evento meses antes), seria simples, pois bastaria colocar um ou outro funcionário para cuidar desse detalhe, e demarcar sentidos de direção com faixas, pelo menos nas áreas mais movimentadas.
Como se não bastasse, chega a hora da comida. E claro, simplificar as coisas que é bom, nada! Primeiro é necessário pegar uma fila (para variar) e trocar o dinheiro por tickets em forma de dinheiro (!!! – correspondendo ao valor q entregou). Depois com seu “dinheirinho” na mão, você vai ao stand de alimentação que escolher e troca o “dinheirinho” por comida...claro, depois de pegar outra fila. Ou seja, se o dinheirinho vale a mesma quantidade que você deu em dinheiro real, porque não pagar direto em dinheiro de verdade no stand, e evitar que o público pegue mais uma fila (que até para entrar no banheiro tem)?
Porém, a pior parte de comer nos eventos não é a fila, e sim o preço/qualidade da comida. R$ 5,00 um cheeseburguer...que nada mais é do que pão (bem meia boa), carne e uma fatia de queijo. POR R$ 5,00!! Com pouco mais do que isso é possível ir a um rodízio de pizza, ou então comprar algumas gramas de queijo, uma caixa de hambúrguer para fritar, uma embalagem com 6 pães, e fazer a festa.
Resumindo, você paga caro para entrar (ainda se dessem um mangá de brinde na entrada...o que de forma alguma não diminuiria os lucros absurdos obtidos através das entradas, aluguéis de estandes, etc), tem que agüentar uma enorme desorganização e tem que pagar uma fortuna para comer um lanche miserável. Isso, ao meu ver, é uma tremenda falta de respeito com o público, com o CONSUMIDOR, que é tratado com uma fonte de dinheiro fácil pelos organizadores.
E sabe quando isso vai mudar? Provavelmente nunca, graças à molecada que orgulhosamente se deixa explorar, pagando quanto pedirem, já que ganham dinheiro do “papai”, e não fazem idéia do esforço que é conseguir o próprio dinheiro.
É isso aí, graças a soma de todos esses fatores, este que vos fala decidiu aproveitar melhor o próprio dinheiro e paciência, optando por abandonar de vez certos eventos.

Que saudades dos antigos encontros de RPG que, quando começaram a ser pagos, o valor era beeeeem menor e você ainda ganhava um livrinho de brinde.

3 comentários:

  1. Ê Brasil.
    Por isso que eu não vou mais a eventos.

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  2. Isso não ocorre apenas em eventos ligados a cultura japonesa. O que é mais triste é que na maioria das "festas" organizadas para qualquer vertente de públicos undergrounds o que vemos é a má organização e o desrespeito aos freqüentadores.

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